É nos momentos de injustiça e frustração que a arte nasce ainda mais poderosa. Um dos mais influentes grupos de balé americano das últimas 5 décadas, o Dance Theatre of Harlem é a prova disso.
Depois de fazer história em 1955 por ser o primeiro negro a integrar a Companhia New York Citty Ballet como principal bailarino, Arthur Mitchell quis fazer diferença em sua comunidade, o Harlem, e, em 1969, junto a Karel Shook, fundou a Dance Theatre of Harlem como resistência artística.
A morte de Dr. Martin Luther King Jr., em 4 de abril de 1968, movimentou Mitchell a criar o espaço que faltava no mundo da dança e a dar oportunidades a bailarinos de todas as cores no mundo do balé clássico.
A América onde Mitchell nasceu em 1934 era dividida por cor e o balé evidenciava isso, vindo da era da renascença e barroca na Europa, especialmente na França no comando de Luís XVI, ou seja, feito para nobreza, performado pela nobreza e, até hoje, feito por poucos.
A companhia Dance Theatre of Harlem tem desafiado estruturas raciais pelo simples fato de praticar e compartilhar sua arte, em um mundo que segue o padrão eurocêntrico, principalmente o da dança, onde bailarinos negros não encontram sapatilhas de sua cor e, assim, as pintam com maquiagem.
Após a morte de Mitchell, em 2018, a companhia continua quebrando as barreiras, com Virginia Johnson e uma belíssima equipe composta inclusive por bailarinos brasileiros como Ingrid Silva, da Mangueira, Rio de Janeiro e Dylan Santos, de São Paulo.
A Revista Dançar acompanhou de perto as apresentações do grupo em São Paulo nos dias 11 e 12 de outubro, e a companhia segue sua turnê comemorativa de 50 anos fazendo apresentações também na cidade de Trancoso (Bahia) e voltam para a América do Norte após essas apresentações.
Confira trechos de “Return”, coreografado por Robert Garland para o aniversário de 30 anos da companhia, que mistura elementos urbanos com a dança neoclássica, ao som de Aretha Franklin e James Brown.
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