Lutar contra o terrorismo com passinhos de ballet… O coreógrafo espanhol Nacho Duato pega na palavra “Herrumbre” - “ferrugem” - para dar nome à obra… E dá os passos fundamentais do ballet clássico para chamar a atenção para a oxidação da alma humana. Colabora, pela primeira vez, com o Ballet da Ópera Nacional da Grécia.
“Morava em Madrid a 200 metros da estação de Atocha, quando o ataque terrorista aconteceu em 2004. Fiquei bastante chocado e sempre com isso na cabeça e decidi fazer um balé… Sei que não podemos mudar o mundo com um balé. Podemos mudá-lo com música, por exemplo… Podemos mudar ideias políticas, como Victor Jara, que foi assassinado pela ditadura de Pinochet no estádio do Chile - as músicas eram ainda mais fortes que metralhadoras”, explica Nacho Duato.
Os ataques de 11 de março de 2004 em Madrid, juntamente com as imagens de tortura dos prisioneiros de Guantánamo no mesmo ano, foram o ponto de partida para esta produção. Duato transforma imagens de violência em movimentos.
“É um tema muito delicado, porque podemos ultrapassar os limites e fazer algo ridículo ou patético. Não há perseguição, nem sangue, nem gritos. Na minha opinião é feito de uma forma muito distante e poética. É como ver uma pintura numa parede. Não é uma fotografia ou um vídeo de alguém a morrer ou a ser assassinado”, conclui Duato.
“Herrumbre” até 17 de fevereiro na Ópera Nacional da Grécia.